terça-feira, 11 de maio de 2010

"Sobre as Virtudes da Água" (Confúcio)


Confúcio se divertia ao olhar atentamente o rio correndo em direção ao leste. Zi Gong perguntou-lhe: "Sempre que um cavalheiro vê água como essa, ele extrai prazer da observação. A que isso se deve?"
Confúcio disse: "Porque a água, em sua grandeza, pode seguir em frente continuamente, sem parar. É especialmente boa para irrigar as terras por onde passa e, no entanto, não se considera como tendo realizado feitos extraordinários. Exatamente como a virtude."
"Quando ela flui, embora às vezes em lugares baixos e às vezes em lugares altos, certamente segue um princípio. É, pois, como a justiça."
"Poderosa, flui continuamente, sem secar ou parar. É como o Tao."
"Quando deve fluir em um vale de dez mil zhàng (市丈, unidade chinesa arcaica equivalente a 10 chǐ [市尺] - 3,58 metros), enfrenta sem temor. É como a coragem."
"Está sempre se nivelando a si própria. Como fǎ (, a lei)."
"Quando a água completa um volume, flui naturalmente, sem a necessidade de ser interrompida. Exatamente como a justiça."
"É tão atenciosa que segue para onde deveria. É como alguém que descobre os mínimos detalhes em tudo."
"Começa a partir da fonte e imediatamente se precipita em direção ao leste. É como alguém que tem metas grandiosas."
"Pode entrar e sair e, não importa onde vá, pode purificar tudo. É como um sábio que também é bom professor." "
A água tem muitas virtudes, portanto, quando as pessoas virtuosas a vêem, que com certeza irão observá-la detidamente e sentir alegria."

(Confúcio, "Analectos", trad. de Rodrigo Wolff Apolloni)

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